Criado pelos mesmos grupos que desenvolveram o TCP/IP e o SNMP, o RMON é um padrão IETF (Internet Engineering Task Force) de gerenciamento de redes cuja sigla significa Remote Network Monitoring MIB. Primeiramente, desenvolveu-se o padrão SNMP, somente depois pensou-se no RMON.
O Simple Network Management Protocol, ou SNMP, é um protocolo de gerenciamento realmente simples: a única informação que se tem através de um alerta SNMP é que existe um problema em um ponto da rede. Os alertas do SNMP padrão notificam um problema somente quando ele já atingiu uma condição extrema suficiente a ponto de comprometer a comunicação na rede como um todo.
Ao contrário do que se pode imaginar, o SNMP não é capaz de definir o problema, nem sua gravidade, não fornece, tampouco, recursos para uma investigação das causas desse problema. O diagnóstico do problema é uma tarefa do administrador da rede. Assim, o SNMP é simplesmente um alerta para uma condição extrema da rede.
O comitê do IETF decidiu que, para promover uma maior e melhor expansão das tecnologias de rede, era necessário um padrão de gerenciamento de redes mais sofisticado. As principais características do novo padrão, o RMON, seriam:
- Interoperabilidade independentemente de fabricante;
- Capacidade de fornecer informações precisas a respeito das causas de falha no funcionamento normal da rede, assim como da severidade dessa falha;
- Oferecer ferramentas adequadas para diagnóstico da rede.
Assim, o RMON tornou-se um padrão por volta de 1990. O RMON II foi publicado para entender as capacidades do RMON.
Algumas RFCs tratam do protocolo RMON:
- RMON1: RFC 1757 - Remote Network Monitoring Management Information Base (Draft)
- RMON1: RFC 2819 - Remote Network Monitoring Management Information Base
- RFC 1513 - Token Ring Extensions to the Remote Network Monitoring MIB
- RMON2: RFC 2021 - Remote Network Monitoring Management Information Base Version 2 using SMIv2 (Obsolete) *
- RFC 3273 - Remote Network Monitoring Management Information Base for High Capacity Networks **
- RMON2: RFC 4502 - Remote Network Monitoring Management Information Base Version 2 using SMIv2
* Substituiu
** Atualizou - SMON: RFC 2613 - Remote Network Monitoring MIB Extensions for Switched Networks (Proposto)
- Overview: RFC 3577 - Introduction to the RMON Family of MIB Modules
O protocolo RMON é uma MIB SNMP, portanto o dispositivo deve possuir um agente SNMP;
É específico para tecnologias Ethernet e Token Ring, apesar de existir uma implementação para ATM;
O dispositivo que implementa o suporte para RMON se chama probe RMON: Um probe pode ser implementado em um dispositivo dedicado ou em um elemento de rede, como um hub, switch ou roteador;
Visa monitorar tráfego de um segmento da rede. O probe deve ficar em um ponto da rede por onde passa todo o tráfego do segmento, deve haver um probe RMON por segmento de rede a ser monitorado;
Em redes comutados, RMON é implementado normalmente nos equipamentos ativos ou através de espelhamento do tráfego de suas portas para uma porta de monitoração (port mirroring).
Objetivos do RMON
Realizar análise e levantar informações estatísticas sobre os dados coletados em uma sub-rede, liberando a estação gerente desta tarefa;
Reduzir tráfego entre rede local gerenciada e a estação gerente remota;
Detectar, registrar e informar à estação gerente sobre situações de erro e eventos significativos da rede;
Permitir o gerenciamento pró-ativo da rede, diagnosticando e registrando eventos que possibilitem detectar o mal funcionamento e prever falhas que interrompam a sua operação;
Enviar informações de gerenciamento para múltiplas estações gerentes.
Abrangência das versões
Exemplo de funcionamento
MIB RMON1
Aquisição de Estatísticas de Tráfego:
- Estatístico (Statistics)
- Histórico (History)
- Hosts
- Classificação de n Hosts (Host Top N)
- Matriz (Matrix)
- Token Ring
- Alarme (Alarm)
- Filtro (Filter)
- Captura de pacote (Packet Capture)
- Evento (Event)
Estatísticas básicas do tráfego em cada segmento de rede Ethernet.
Exemplos de estatísticas Ethernet:
- Bytes trafegados;
- Pacotes trafegados (<uni/broad/multi>cast);
- Pacotes < 64 bytes;
- Pacotes > 1518 bytes;
- Pacotes com erro de CRC;
- Número de colisões.
Armazena n últimas estatísticas da rede.
Configuração:
- Intervalos de amostragem;
- Quantidade de amostras armazenadas.
- Cria subsídios para um gerenciamento pró-ativo.
RMON1 – Hosts
Estatísticas para cada host do segmento de rede.
Exemplos:
- Número de bytes transmitidos e recebidos;
- Número de pacotes transmitidos e recebidos;
- Número de pacotes com erro transmitidos;
- Número de pacotes broadcast transmitidos;
- Número de pacotes multicast transmitidos.
Classifica os hosts de acordo com valores de variáveis do grupo hosts.
Permite definir:
- Variável para ordenação;
- Duração da amostragem;
- Quantidade de hosts na lista.
- As 10 máquinas que mais transmitiram pacotes na rede hoje;
- As 5 máquinas que mais transmitiram pacotes com erros nas últimas 2 horas;
- As 20 máquinas que mais geraram tráfego de broadcast na semana.
Associa estatísticas de tráfego entre pares de máquinas.
Exemplos:
- Pacotes transmitidos;
- Octetos transmitidos;
- Pacotes com erros transmitidos.
RMON1 – Token Ring
O suporte a Token Ring pode ser feito de 2 formas:
- Extensão dos grupos Statistics e History para redes Token Ring: Grupos Statistics e History originais eram dependentes de Ethernet.
- Novo grupo Token Ring.
Estabelece limites de operação para variáveis de MIB.
Se limites forem ultrapassados, gera alarmes.
Exemplos:
- Mais de 20 pacotes com erro nos últimos 5 minutos;
- Bytes enviados for menor que 100.000.000/5s.
RMON1 – Filter
Define condições associadas a pacotes trafegados pela rede.
Se pacote atende às condições estabelecidas:
- Captura o pacote ou Registra estatísticas baseadas no mesmo.
- Captura todos os pacotes vindos do servidor S1;
- Conta quantos pacotes estão indo para o roteador e não são originários dos servidores: Tráfego entre segmentos de redes das estações.
Troubleshooting em segmentos de redes remotos.
Como capturar tráfego em um segmento de rede?
- Colocar no segmento um sniffer;
- Utilizar o probe RMON.
Parâmetros da captura:
- Quantos bytes de cada pacotes serão armazenados? Default são os 100 primeiros bytes.
- Qual filtro determina os pacotes a serem capturados?
- Qual o tamanho do buffer a ser utilizado?
Algumas ações do probe provocam eventos, por exemplo:
- Alarme disparado;
- Pacote que atende condições de um filtro.
Log interno;
snmp-trap;
Log-and-trap.
RMON2
O RMON1 trabalha na camada de enlace de dados. Mas e as demandadas de Estatísticas de IP, IPX, etc? Estatísticas de HTTP, FTP, etc?
O RMON2 visa atender essas necessidades.
MIB RMON2
A MIB do RMON2 é um subconjunto da árvore MIB: 9 novos grupos básicos de variáveis.
RMON2 – Protocol Directory
Diretório de Protocolo.
Lista dos protocolos que o probe RMON2 consegue monitorar;
Visa à interoperabilidade.
RMON2 – Protocol Distribution
Estatísticas sobre todos os protocolos suportados pelo probe.
Número de bytes e de pacotes referentes cada protocolo trafegando naquele segmento da rede.
RMON2 – Network Layer Host/Matrix e Application Layer Host/Matrix
RMON2 – User History
Histórico de Coleta do Usuário.
Equivalente ao grupo de history do RMON1. Permite, porém configurar quais variáveis serão mantidas no histórico, além do intervalo e quantidade da amostragem.
RMON2 – Probe Configuration
Configuração do Probe.
Padroniza a configuração do probe RMON, visando interoperabilidade entre probes e softwares gerentes de diferentes fabricantes.
Exemplos:
- Reboot do probe;
- Atualização de Software.
Mapeamento de Endereços.
Relaciona endereços MAC e endereços de Rede (IP, IPX).
RMON – Considerações Finais
RMON pode exigir bastante processamento: Nem sempre um determinado recurso tem recursos de processamento e armazenamento para suportar todos os grupos de variáveis da RMON-MIB.
É suficiente que sejam implementados um único desses grupos, para o elemento ser considerado em conformidade com o RMON. Na especificação dos dispositivos são definidos quais grupos de RMON ele suporta.
No caso de existirem múltiplos gerentes, o elemento RMON deve determinar quais informações de gerenciamento devem ser encaminhadas para cada gerente.
Referências:
• Gabos, Denis.; Melo, Tereza C. Apostila de Gerenciamento de Redes, EPUSP, 2003.
• Stallings, W. SNMP, SNMPv2, SNMPv3 and RMON1 and 2. 3rd ed. 7th printing, 2003.
• Kurose; Ross. Redes de Computadores e a Internet. Uma nova Abordagem. Pearson Education, 2003.
• http://www.simpleweb.org
• http://www.rnp.br/newsgen/9901/rmon.html
• http://www.dsc.ufcg.edu.br/~jacques/cursos/gr/html/aplic/aplic5.htm
Pessoal o material usado como base para a criação destes textos, veio de amigos, listas de distribuição e pesquisas na internet, portanto não possuo referências sobre os mesmos, mas se você identificar algum material de sua autoria, por favor entre em contato que os devidos créditos serão atribuídos.
4 comentários:
Amigo, poderia me dar um exemplo de um software de gerenciamento de redes que utiliza o protocolo RMON?
Obrigado
Daniel,
Como o RMON é implementado como uma MIB SNMP, então qualquer software de gerência de redes é capaz de ler os dados. A grande pergunta é se o equipamento suporta e quais funções ele suporta.
Abraços,
Então qual a diferença entre o RMON e SMON??
Cleyton
RMON é o protocolo que implementa essa série de funcionalidades descritas no post.
O SMON foi proposto, para monitoramento exclusivo de Switches, dai vem o S, mas com o advento de port mirroring ele deixou de ter sentido e nunca virou de fato um protocolo, apenas foi proposto e morreu.
Abraços,
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